terça-feira, 8 de março de 2011

Um vazio sem gosto no fim do mundo.

Vagueava com a vista no horizonte trêmulo, sem cor alguma, cambaleava os passos na esquina de pedra cinza, e assim percebi que o céu também se acinzentava depressa. Caía as lágrimas fortes até o chão duro, e como uma pedra chegava a fazer barulho. Não havia gosto, nem cheiro, nem sentido. Até que quis, mas não tinha forças nem tempo suficiente pra pensar em ir pra algum lugar, direção exata nenhuma adiantaria, lugar nenhum no planeta frágil reconstituiria um coração despedaçado. A outra nuvem gritava um trovão ríspido.


O mundo inteiro em mim alarmou o desastre que se fez naquele fim de tarde, mas confesso que percebi, mesmo com a vista embaçada, que parece que nenhum ser vivo do planeta sentia igual a mim, até parece que o mundo não tinha mudado. Eu juro por Deus que as árvores estavam com a mesma tonalidade de sempre, mesmo que nada mais no mundo fizesse o mesmo sentido de antes. Era duro afirmar, mas nenhuma casa havia saído do lugar, os pássaros ainda voavam por todas as direções, mas eu juro que vomitaria o mundo inteiro, mesmo ainda imenso, eu digo isso, porque meu estomago embrulhava feito dor de parto. E, pra concluir, eu resumia o mundo inteiro naquela hora covarde em que você partiu normalmente, mas nenhum dos meus sentidos nunca entenderia. Eu nunca vou esquecer que as cinco e trinta e três da tarde você me deu as costas, nem sequer deu uma explicação convincente, não disse que meu amor era besta, não disse que era por causa do meu corpo, ou rosto, voz, olhar, soluço, mas eu tentava buscar algum sentido lógico de tudo isso, eu não mentiria pra mim mesma, nem pra ninguém. Mas, naquela tarde, um oco em mim se fez, e foi tudo isso que me tornou inodora, incolor e insípida.

1 comentários:

Anônimo disse...

Oi Déa, fique a vontade pra pegar a foto, se precisar dela maior me manda um email que eu te envio ;)

Beijokas

 
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