domingo, 7 de agosto de 2011

"Nem passar agosto esperando setembro. . . se bem me lembro. . !"

Agosto. Não sei o frio que faz lá fora, abri a janela, há pouco tempo saí... o pensamento errou 365 vezes e voltou para órbita de sempre. Por causa daquele dia 9, a vida vai seguindo preguiçosamente, e eu vou tentando forçar um sorriso frágil enquanto me desligo da data, da confusão, da falta, da seriedade, do grito e dos braços de alguém que hoje não tem mais importância. Eu juro por Deus, que se eu soubesse que tua vontade era fugir, eu tinha te dado um abraço e alguma razão pra continuar, porque você não viu nenhuma força em mim? Por quê você não viu razão na sua casa? Nos seus amigos e músicas? Eu era pequena e frágil.
Nunca dei espaço para a raiva ou incompreensão nesses anos todos, eu tentei por mais de mil vezes te fazer ressurgir e dizer que só tinha ido embora pra que eu sentisse uma saudade de você, e entender, pela falta, que você era minha força.
Mas eu não vi fraqueza em você, eu vi fraqueza no destino, mesmo sabendo que o seu não era desistir. Seu futuro não era esse, e essa vida não deveria ter sido a minha, apenas um seco na garganta comove meus palpites. Era difícil demais de entender sua cabeça, era difícil ser forte e não ter vergonha. Eu tinha vergonha de não ter você do meu lado, eu tinha raiva das pessoas que vinham pra te substituir, eu sentia uma falta tão encabulada de você, e me dava ao luxo de me esconder em qualquer canto da casa nova e distante. Ela era linda, acolhedora, amarela... e minha vida se refazia nela, assim como a da minha mãe, irmã e irmão. Eu queria de verdade ter vivido a vida toda do seu lado, eu precisava do seu título de pai e de entender seus gostos, sua personalidade e seu jeito. Hoje restam as fotografias amareladas pelo tempo. Faz muito tempo. Foi tão pouco tempo te perder, foi tão mesquinho.
Eu não vi fraqueza em você. E a quem diga que minha fraqueza é sua, veio de ti. E eu não culpo o tempo, nem o mundo mais. Eu já chutei e implorei e tive raiva da vida. Eu quis desistir, mas eu não ia repetir seus erros, eu não ia repetir, e não vou.
De vez em quando sonho com um recado seu, no ultimo, você pareceu mais distante. Será se é simples vontade mórbida acreditar que você olha por mim, me agrada e tenta alcançar meus caprichos? Eu já não tenho treze anos, até lá, eu não entendia a realidade, não encarava a verdade, e nem as perguntas que faziam sobre você. Até lá eu era feliz, ou fingia que era. Hoje eu sei mais da vida, encaro de forma natural e sou feliz, de verdade, aprendi a ser feliz. Será que isso ainda faz diferença pro seu espírito? Eu não quero te fazer mal, e entendo que a vida segue, aonde quer que seja. Mas ainda sou pequena e frágil. O mundo errou mil vezes e voltou para orbita de sempre, de novo, rodou quase dezesseis anos. Quanto é 365 vezes 16? Tempo demais? Mas você ainda faz diferença pro meu espírito, você nunca perdeu o seu título, e eu nunca vi você partir de verdade, sua presença permanece em mim, ou é só uma ilusão de menina que não aprendeu que a vida segue sem seus caprichos? Falta poucos dias pra chegar a data que você escolheu ir, ou o acaso infeliz demonstrou ser mais forte, por simples erros de calculo. Falta poucos dias pra visitar a cidade que você cresceu e acender uma vela, deixar uma flor e uma oração, e mostrar uma mensagem qualquer pra dizer que você ainda está em mim, e eu nunca vou te esquecer, porque não deixo de pensar em você um só dia, nenhum dia.
Pai, é tão difícil agosto.
 
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